Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

sábado, 19 de julho de 2008

NARCISO

Eco e Narciso. John William Waterhouse (1903). Liverpool, Walker Art Gallery.

2 comentários:

Abel Sidney disse...

Marcílio,

Na década de 80 do século escrevi este poema, que agora vem a público. Tomara que faça juz ao tema e à pintura de Waterhouse...

Narciso

Que caia o véu da ilusão.
Não mais os palácios colossais
Não mais as idéias geniais
Abre-se na vida um clarão.

E no espelho das águas
Um rosto em tom pálido
Um semblante um tanto esquálido
A expressar um não sei que - mágoa?

Os cabelos em desalinho
Noites de pesadelo, horror
Fios negros pintam o terror
A queda... o vôo... o ninho.

Nos olhos brilham a esperança
O cintilar breve de um raio de sol
O prenunciar entre sombras do arrebol
Um novo dia - a bonança.

Que caia o véu da ilusão.
O Bem em cada ação há de brotar
O Belo em cada gesto a despontar
Vida - lançar-se do rés do chão.

Pedra a pedra - negro carvão
Gota do tempo - diamante
Tudo que cintila brota do chão
Uma estrela não brilha num súbito instante.

Abraços
Abel Sidney

Marcilio Medeiros disse...

Abel,
Sabia que hoje você é a segunda pessoa que me manda um poema sobre Narciso, por conta desse quadro?
A tela é muito bonita e o seu poema não menos.
Obrigado.
Abs,