Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

quinta-feira, 30 de julho de 2009

PÁRIS

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A decisão de Páris, de Antoine Watteau

ALEXANDRE HERCULANO


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Alexandre Herculano


A VITÓRIA E A PIEDADE

I


Eu nunca fiz soar meus pobres cantos
Nos paços dos senhores!
Eu jamais consagrei hino mentido
Da terra dos opressores.
Mal haja o trovador que vai sentar-se
À porta do abastado,
O qual com ouro paga a própria infâmia,
Louvor que foi comprado.
Desonra àquele, que ao poder e ao ouro
Prostitui o alaúde!
Deus à poesia deu por alvo a pátria,
Deu a glória e a virtude.
Feliz ou infeliz, triste ou contente,
Livre o poeta seja,
E em hino isento a inspiração transforme
Que na sua alma adeja.

domingo, 26 de julho de 2009

IFIGÊNIA


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Ifigênia (1862), de Anselm Feuerbach

JULES LAFORGUE


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Jules Laforgue


LITANIAS DOS QUARTOS
CRESCENTES DA LUA


Lua sublime,
Nos ilumine!

É o medalhão
De Endimião,

Astro de argila
Que tudo exila,

Caixão milenar
De Salambô lunar,

Cais etéreo
Do alto mistério,

Madona e miss,
Diana-Artemis,

Santa vigia
De nossa orgia,

Jetaturá
Do bacará,

Dama tão pálida
Em nossa praça,

Vago perfume
De vaga-lume,

Rosácea calma
Do último salmo,

Olho-de-gata
Que nos resgata,

Seja o auxílio
A nosso delírio!

Seja o edredão
Do Grande Perdão!

Tradução de Cláudio Daniel