Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

sábado, 23 de agosto de 2008

MANUEL BANDEIRA

fonte: floreseversos.blogspot.com

Manuel Bandeira

POEMETO ERÓTICO

Teu corpo claro e perfeito,
- Teu corpo de maravilha,
Quero possui-lo no leito
Estreito da redondilha...
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa...flor de laranjeira...
Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...
Teu corpo é pomo doirado...
Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...
Teu corpo é a brasa do lume...
Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes
É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...
Volúpia de água e da chama...
A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...
Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

VINICIUS DE MORAES

fonte: poesiaseoutrosrecados.blogspot.com/
Vinicius de Moraes

A MORTE

A morte vem de longe
Do fundo dos céus
Vem para os meus olhos
Virá para os teus
Desce das estrelas
Das brancas estrelas
As loucas estrelas
Trânsfugas de Deus
Chega impressentida
Nunca inesperada
Ela que é na vida
A grande esperada!
A desesperada
Do amor fratricida
Dos homens, ai! dos homens
Que matam a morte
Por medo da vida.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Carlos Drummond de Andrade


MEMÓRIA

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

FRIEDRICH NIETZSCHE


foto: Gustav Schultze. fonte: wikimedia commons

Friedrich Nietzsche


ECCE HOMO

Sim! Bem sei donde eu provenho!
Insaciável qual chama,
ardo todo em fogo ardente.
Faz-se luz tudo o que tomo,
carvão, tudo o que abandono:
sou chama seguramente.

Tradução de A. Herculano de Carvalho

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

PROMETEU


fonte: donaldsweblog.blogspot.com

A Tortura de Prometeu (1819), de Jean-Louis-Cesar Lair

JEAN MORÉAS


gravura: Antonio de La Gandara.
fonte: wikimedia commons

Jean Moréas


ESTÂNCIAS

VII – Livro 4º


Do éter companheiro, ó fumo lento e esquivo,
Um pouco nos parecemos:
Só duras um instante, eu já sem vida vivo,
Mas do fogo nascemos.

Que seus joelhos gaste, a cinza a recolher,
O homem, pra durar;
Sem que tal nis importe e sem jamais descer,
Sumamo-nos no ar.

Tradução de A. Herculano de Carvalho