
Baco, de Leonardo da Vinci
Museu do Louvre, Paris
Giuseppe Ungaretti
T. S. Eliot
MORTE POR ÁGUA
Flebas, o Fenício, morto há quinze dias,
Esqueceu o grito das gaivotas e o marulho das vagas
E os lucros e os prejuízos.
Uma corrente submarina
Roeu-lhe os ossos em surdina. Enquanto subia e descia
Ele evocava as cenas de sua maturidade e juventude
Até que ao torvelinho sucumbiu.
Gentio ou judeu
Ó tu que o leme giras e avistas onde o vento se origina,
Considera a Flebas, que foi um dia alto e belo como tu.
Tradução de Ivan Junqueira
Quarta parte de "A Terra Desolada"
Salvatore Quasimodo
AVIDAMENTE ESTENDO A MINHA MÃO
Na pobreza da carne, como sou,
eis-me, Senhor: poeira da estrada
que o vento mal levanta em seu perdão.
Mas se afilar não soube noutro tempo
a voz primitiva ainda tosca,
avidamente estendo a minha mão:
dá-me da dor o pão cotidiano.
Tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti