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A Fortuna, de Guido Reni
Anaïs Nin
A CASA DO INCESTO (excerto)
Nasci sem pele. Um dia sonhei que estava nu num jardim e que cuidadosa e completamente me tiravam a pele como a um fruto. Não ficou nem um resto de pele no meu corpo. Foi toda mas toda retirada com cuidado e só depois me disseram para andar, viver e correr. A princípio movimentei-me devagar, o jardim era tremendamente macio e eu sentia de uma precisa o jardim-doçura, não na superfície do corpo, mas atravessando-me o ar doce e os perfumes, como agulhas penetrando todos os meus poros em sangue. Todos os poros estavam abertos e respiravam calor, doçura e cheiros. O corpo totalmente invadido, penetrado, reagindo, a mais pequena célula e poros vivos respirando e tremendo com prazer. Gritei de dor. Corri. E ao correr o vento chicoteava-me e as vozes das pessoas eram chicotes dirigidos a mim. Ser tocado! Acaso sabem vocês o que é ser tocado por um ser humano?
Myriam Coeli
Alexandre Herculano
Jules Laforgue
Marceline Desbordes-Valmore
Fagundes Varela
Junqueira Freire
Casimiro de Abreu
Friedrich Hölderlin
Cacaso
Leconte de Lisle
Torquato Neto
Algernon Charles Swinburne