Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

sábado, 20 de dezembro de 2008

LOUISE BOGAN


reprodução

Louise Bogan


PARA UM AMANTE DEFUNTO

O breu é sacudido a partir
Do claro, feito cabelos
Sobre um ombro.
Estou só,

Quatro anos mais velha;
Como as cadeiras e as paredes
Que certa vez vi luzindo,
Você a meu lado. Para eu acordar
Nunca desse jeito, não importa o que veio ou foi desfeito.

O caule cresce, o ano pulsa ao vento.
Maçãs chegam, e o mês em suas quedas.
A casca espalha, as raízes apertam.
Embora hoje seja a última,
E amanhã todas,
Não é da tua conta.

Que posso não lembrar,
Não é da conta.
Não vou estar contigo de novo.
O que sabemos, mesmo agora
Deve espalhar
E puir, e vazar
Como areia ao vento.

Morreste já faz tempo
E tens menos de desejar
A amada do amado;
E eu tenho vida—esse velho motivo
De esperar pelo que vem,
Largar o que é passado.

Tradução de Ruy Vasconcelos

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