Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

terça-feira, 19 de maio de 2009

SÁ DE MIRANDA



reprodução

Sá de Miranda


COMIGO ME DESAVIM

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse:
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho inimigo de mim?

2 comentários:

José Carlos Brandão disse...

Gosto muito desse poema de Sá de Miranda.
"Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim." Gosto sempre de reler uma coisa assim. E como o cara vai longe então lá nos versos finais:
"Pois que trago a mim comigo
Tamanho inimigo de mim?"
Continue lembrando-nos dessas jóias esquecidas.
Abração.

Marcilio Medeiros disse...

Também gosto, JC, pois tem algo de inovador, apesar de ter sido escrito há cerca de 500 anos...
Obrigado.
Abs