Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

segunda-feira, 13 de abril de 2009

GEORG TRAKL


A BELA CIDADE

Velhas praças silenciam ensolaradas.
Profundamente enredadas em azul e ouro
Suaves freiras sonhadoramente se apressam
Sob o silêncio de faias sufocantes.

Das igrejas pardamente iluminadas
Olham as puras imagens da morte,
Belos brasões de grandes príncipes.
Coroas cintilam nas igrejas.

Corcéis emergem da fonte.
Garras de botões ameaçam das árvores.
Meninos, confusos de sonhos, brincam
Silenciosos, ao anoitecer, junto à fonte.

Moças estão em pé junto aos portões,
Olham tímidas para a vida colorida.
Seus lábios úmidos tremem
E elas aguardam junto aos portões.

Sons de sino esvoaçam trêmulos,
Ressoam o compasso de marcha e os brados da guarda.
Estranhos escutam sobre os degraus.
Altos no azul há sons de órgão.

Claros instrumentos cantam.
Pela moldura de folhas dos jardins
Vibra o riso de belas senhoras.
Jovens mães cantam baixinho.

Furtivamente bafeja junto às janelas floridas
Perfume de incenso, alcatrão e lilás.
Argênteas tremem pálpebras cansadas
Através das flores junto às janelas.

Tradução de Modesto Carone Netto

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