DE TODAS AS OBRAS
De todas as obras humanas, as que mais amo
São as que foram usadas.
Os recipientes de cobre com as bordas achatadas e com
mossas
Os garfos e facas cujos cabos de madeira
Foram gastos por muitas mãos: tais formas
São para mim as mais nobres. Assim também as lajes
Polidas por muitos pés, e entre as quais
Crescem tufos de grama: estas
São obras felizes.
Admitidas no hábito de muitos
Com freqüência mudadas, aperfeiçoam seu formato e
tornam-se valiosas
Porque delas tantos se valeram.
Mesmo as esculturas quebradas
Com suas mãos decepadas, me são queridas. Também
elas
São vivas para mim. Deixaram-nas cair, mas foram
carregadas.
Embora acidentadas, jamais estiveram altas demais.
As construções quase em ruína
Têm de novo a aparência de incompletas
Planejadas generosamente: suas belas proporções
Já podem ser adivinhadas; ainda necessitam porém
De nossa compreensão. Por outro lado
Elas já serviram, sim, já foram superadas. Tudo isso
Me contenta.
Tradução de Paulo Cesar Lima de Souza
2 comentários:
Tudo isso me contenta.
Brecht é uma brecha. Isto é, poesia.
Abraços.
JC,
bom demais receber seu comentário.
concordo com você.
um abraço
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