Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

ANA HATHERLY


reprodução

Ana Hatherly


A VERDADEIRA MÃO QUE O POETA ESTENDE...

A verdadeira mão que o poeta estende
não tem dedos:
é um gesto que se perde
no próprio ato de dar-se

O poeta desaparece
na verdade da sua ausência
dissolve-se no biombo da escrita

O poema é
a única
a verdadeira mão que o poeta estende

E quando o poema é bom
não te aperta a mão:
aperta-te a garganta

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