Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

segunda-feira, 7 de julho de 2008

PEDRO MILITÃO KILKERRY


É o silêncio
...


É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sobre a mesa…
Mas o sangue da luz em cada folha.

Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas… Comovido

Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,

Asa que o ouvido anima…
E a câmara muda. E a sala muda, muda…
Afonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda

Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima…

E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas… O dia
Tarde florescerá pela montanha.
E ó minha amada, o sentimento é cego…
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcego.

3 comentários:

Anônimo disse...

Excelente seu blog
Merecemos um trabalho assim, com textos de qualidade.
Parabens mesmo.

Mas, a poesia baiana ainda tem outros rerpresentantes, entre os quais, meu bisavô Péthion de Villar (Egas Moniz de Aragão). No jornal de poesia tem alguma coisa sobre ele.

Fatima

Marcilio Medeiros disse...

Fatima,
Muito obrigado.
Precisamos, mesmo, aumentar o acervo de escritores brasileiros aqui.
Está incluído agora o Pethion de Villar.
Vi que, além do seu avô, você tem uma família de poetas. Que bom isso!
Grande abraço,

Marcilio Medeiros disse...

Fatima,
Caso tenha alguma foto escaneada, avise-me, por gentileza.
Obrigado.
Abs.