Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

PHILIPPE DESPORTES


Fonte: autor desconhecido

Philippe Desportes (1546-1606)


SONETO AO SONO

Sono, filho gentil da noite solitária,
Dos animais sustento e pai dispensador,
Doce olvido dos males, gracioso encantador
E, de almas em tristeza, a cura necessária.

Porque tua vontade, dócil, me é contrária,
Deus, que só a mim vês sofrendo maior dor
Quando os corcéis da noite os céus vão a transpor
E enquanto aos outros dás tua graça ordinária?

Teu silêncio onde está? tua paz, teu descanso
E esses sonhos sem fim, nuvens que não alcanço
E que lavam num mar de olvido os pensamentos?

Ó sono, irmão da morte, assim me és inimigo!
Chamo por ti, em vão, que estás adormecido,
E ardo, sempre velando, em frígidos tormentos.

Tradução de A. Herculano de Carvalho

Um comentário:

Malu disse...

Eu tenho esse soneto em meu livro Musa 4 Idiomas. Amo poemas esquecidos no tempo, já empoeirados em páginas amarelecidas, porém ainda luminosas.