Fonte: autor desconhecido
Philippe Desportes (1546-1606)
SONETO AO SONO
Sono, filho gentil da noite solitária,
Dos animais sustento e pai dispensador,
Doce olvido dos males, gracioso encantador
E, de almas em tristeza, a cura necessária.
Porque tua vontade, dócil, me é contrária,
Deus, que só a mim vês sofrendo maior dor
Quando os corcéis da noite os céus vão a transpor
E enquanto aos outros dás tua graça ordinária?
Teu silêncio onde está? tua paz, teu descanso
E esses sonhos sem fim, nuvens que não alcanço
E que lavam num mar de olvido os pensamentos?
Ó sono, irmão da morte, assim me és inimigo!
Chamo por ti, em vão, que estás adormecido,
E ardo, sempre velando, em frígidos tormentos.
Tradução de A. Herculano de Carvalho
Um comentário:
Eu tenho esse soneto em meu livro Musa 4 Idiomas. Amo poemas esquecidos no tempo, já empoeirados em páginas amarelecidas, porém ainda luminosas.
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