Fonte: Wikimedia Commoms
Louise Labé (1526(?)-1566)
SONETO
Belos olhos que fingem não me ver
Mornos suspiros, lágrimas jorradas
Tantas noite em vão desperdiçadas
Tantos dias que em vão vi renascer;
Queixas febris, vontades obstinadas
Tempo perdido, penas sem dizer,
Mil mortes me aguardando em mil ciladas
Que o destino me armou por me perder.
Risos, fronte, cabelos, mãos e dedos
Viola, alaúde, voz que diz segredos
À fêmea em cujo peito a chama nasce!
E quanto mais me queima, mas lamento
Que desse fogo que arde tão violento
Nem uma só fagulha te alcançasse.
Traducão de Sergio Duarte
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