Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

LOUISE LABÉ


Fonte: Wikimedia Commoms

Louise Labé (1526(?)-1566)


SONETO


Belos olhos que fingem não me ver
Mornos suspiros, lágrimas jorradas
Tantas noite em vão desperdiçadas
Tantos dias que em vão vi renascer;

Queixas febris, vontades obstinadas
Tempo perdido, penas sem dizer,
Mil mortes me aguardando em mil ciladas
Que o destino me armou por me perder.

Risos, fronte, cabelos, mãos e dedos
Viola, alaúde, voz que diz segredos
À fêmea em cujo peito a chama nasce!

E quanto mais me queima, mas lamento
Que desse fogo que arde tão violento
Nem uma só fagulha te alcançasse.

Traducão de Sergio Duarte

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