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Attila József
AÍ ESTÁ O SALDO FINAL
Confiei em mim desde o primeiro momento.
Custa muito pouco ser dono do vento.
E à besta não lhe é mais custosa
a vida, até que a lançam à fossa.
Nasci, amei, fui longe, fiz o resto.
Com medo, às vezes, mantive-me no posto.
Paguei sempre as dívidas contraídas
e agradeci, com as mãos estendidas.
Se fingida mulher aqui e além me quis,
amei-a, para que pudesse ser feliz.
Fiz cordas, varri, dei-me ao vinho
e entre os espertos fingi-me cretino.
Vendi brinquedos, pão e poesia,
jornais e livros: o que se vendia.
Não morrerei enforcado em fácil trama
ou em grande batalha, mas na cama.
Vivi (já está aí o saldo final):
Muitos outros morreram deste mal.
Tradução de Egito Gonçalves
2 comentários:
Um poeta que merecia ser mais conhecido. Poesia do embate entre o cotidiano e as loucuras da imaginação. Imagens pesadas feitas de objetos simples.
Ótimo.
Abraços.
JC,
é verdade.
aliás, a Hungria tem outros excelentes poetas.
obrigado pela presença.
um abraço
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