A CHUVA
Toda a noite o som tinha
voltado de novo,
e de novo cai
esta chuva persistente, mansa.
O que eu sou para mim
tem de ser recordado
e insisto
tanto? É que
nunca o repouso,
mesmo a dureza,
de chuva caindo
terá para mim
algo mais do que isto,
algo não tão insistente –
terei de ser encerrado nesta
inquietação final?
Amor, se me amas,
deita-te a meu lado.
Sê para mim, como chuva,
a fuga
ao cansaço, à fatuidade, à semi-
luxúria da indiferença intencional.
Molha-te
com uma felicidade decente.
Tradução de Manuel de Seabra
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