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Leconte de Lisle
PAISAGEM POLAR
Do mar a imensa escuma o frio aglomerou-a,
e um mundo morto fez, sem luz, sem vegetais,
e onde do gelo duro as agulhas fatais
rasgam do fusco céu a perpétua garoa;
em avalanches rola a neve, e se amontoa...
Tudo estéril; e atroz confusão de infernais
brados, imprecações, roncos, soluços e ais,
que aos seus clarins de ferro o vento arranca, troa.
Nivoso, hirto, glacial, das brumas através,
o branco e antigo deus, pai das primevas raças,
inteiriçado jaz, do promontório aos pés...
E, a babar de volúpia, em meio à cerração,
os ursos - colossais e formidandas massas -
trôpegos, cá e lá bambaleando vão...
Tradução de Raimundo Correia
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