reprodução
Umberto Saba
Meu pai foi para mim "o assassino",
até os vinte anos, quando o conheci,
e vi que este meu dom dele recebi.
Tinha no rosto meu olhar azulino,
na dor um sorriso astuto, doce. E
vagou sempre no mundo peregrino,
amando e dormitando aqui e ali.
Era alegre e leviano, pois o peso
da vida só a minha mãe cabia.
Das mãos ele escapou-lhe qual balão.
"Não imites teu pai, é o que te almejo."
Mais tarde percebi o que então não via:
eram raças em antiga tensão.
Tradução de João Moura Jr.
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