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Hilda Doolittle
HERMES DOS CAMINHOS
I
A areia dura estala
E os grãos dela
São límpidos como o vinho.
Lá longe, por sobre as suas léguas,
O vento,
Brincando na vastidão da costa,
Ergue minúsculas cordilheiras,
E as grandes ondas
Rebentam-lhes por cima.
Mas mais do que os caminhos de mil espumas
Do mar,
Conheço-o a ele,
O das estradas triplas,
Hermes,
Aquele que espera.
Dúbio,
Face a três caminhos,
Dando as boas-vindas a viajantes,
Ele, a quem o pomar marinho
Abriga a ocidente,
A oriente
Expõe-se ao vento do mar;
Defronta as grandes dunas.
O vento investe
Pelas dunas
E a erva áspera que o sal encrostou
Responde.
Ui,
São chicotes nos tornozelos!
II
Pequeno é
Este ribeiro branco,
Fluindo abaixo do chão
Desde o monte sombreado de álamos,
Mas a água é suave.
Maçãs nas árvores rasteiras
São duras,
Pequenas demais,
Tardiamente amadurecidas
Por um sol desesperado
Debatendo-se contra a neblina.
Os ramos das árvores
Estão retorcidos
Pelos muitos ventos variáveis;
Retorcidos estão
Os ramos de folhas pequenas.
Mas a sombra que lançam
Não é a sombra do topo do mastro
Nem das velas rasgadas.
Hermes, Hermes,
O grande mar espumava
E rangia os dentes em meu redor;
Mas tu esperaste,
Onde a erva do mar se entrelaça
Na erva da terra.
Tradução de João Ferreira Duarte
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