reprodução
Anne Sexton
O SOL
Tenho ouvido falar de peixes
que vieram acima pelo sol
e ficaram para sempre
ombro a ombro,
avenidas de peixes que nunca regressaram,
deles sugados
todos os pontos de orgulho e solidões.
Penso em moscas,
que das suas grutas torpes
saem ao terreiro.
Primeiro são transparentes.
Depois azuis com asas de cobre.
Rebrilham nas frontes dos homens.
Nem pássaro, nem acrobata,
hão-de mirrar como pequenos sapatos pretos.
Eu sou um ser idêntico,
doente do frio e do odor da casa,
dispo-me sob a lupa ardente.
A minha pele alisa-se como água do mar.
Ó olho amarelo,
deixa-me adoecer do teu calor,
deixa-me ser febril e carrancuda.
Toda me dou agora.
Sou a tua filha, a tua guloseima,
o teu padre, a tua boca, a tua ave,
e hei-de contar a todos histórias de ti
até posta de lado para sempre,
um magro pendão pardo.
Tradução de João Ferreira Duarte
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