Fonte: Wikimedia Commoms
José Maria de Heredia
FUGA DOS CENTAUROS
Fogem, ébrios de crime e de rebelião,
Para o monte escarpado onde escondem seu forte,
O medo os precipita e, farejando a morte,
Pressentem pelo ar um cheiro de leão.
Atravessam, pisando a hidra e o estelião,
As torrentes, os vales e abismos, de tal sorte
Que já vêem no céu, desenhado, o recorte
Do Ossa, do Olimpo ou do negro Pelião.
De vez em quando algum da bárbara manada
De súbito se empina, a cabeça voltada,
E num salto regressa ao gado fraternal,
Ao ver que a lua cheia, a arder no céu suspensa,
Atrás deles projeta, espantalho fatal,
O gigantesco horror da sombra hercúlea, imensa.
Tradução de A. Herculano de Carvalho
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