Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

sábado, 19 de julho de 2008

AUGUSTO DOS ANJOS


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Augusto dos Anjos



VOZES DA MORTE

Agora, sim! Vamos morrer, reunidos,
Tamarindo de minha desventura,
Tu, com o envelhecimento da nervura,
Eu, com o envelhecimento dos tecidos!

Ah! Esta noite é a noite dos Vencidos!
E a podridão, meu velho! E essa futura
Ultrafatalidade de ossatura,
A que nos acharemos reduzidos!

Não morrerão, porém, tuas sementes!
E assim, para o Futuro, em diferentes
Florestas, vales, selvas, glebas, trilhos,

Na multiplicidade dos teus ramos,
Pelo muito que em vida nos amamos,
Depois da morte inda teremos filhos!

2 comentários:

Valdeck Almeida de Jesus disse...

Augusto dos Anjos, sempre um grande poeta, um visionário, um homem da realidade, nua e crua, da vida humana.
Admiro demais este poeta.
Abraços.

Valdeck Almeida de Jesus
www.galinhapulando.com

Marcilio Medeiros disse...

Valdeck,
Compartilhamos essa admiração.
Obrigado pela visita e comentário.
Abs,