Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

quarta-feira, 18 de junho de 2008

MARIO QUINTANA

Foto: Dulce Helfer
Casa de Cultura Mario Quintana

Mario Quintana

A RUA DOS CATAVENTOS

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meus cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

2 comentários:

Unknown disse...

PARA MIM MARCILIO, ESTA É MAIS BELA POESIA DE QUINTANA.....
BOM FINDI
RAQUEL

Marcilio Medeiros disse...

Raquel,
muito bom encontrar seu comentário aqui.
o soneto é mesmo muito bonito.
obrigado.
bjs.