Um caderno de leituras
"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"
Safo
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terça-feira, 5 de maio de 2009
GEORG TRAKL
A TEMPESTADE
Vós, montanhas selvagens, das águias
Sublime luto. Nuvens douradas
Fumegam sobre pétreo ermo.
Paciente quietude respiram os pinheiros,
As negras ovelhas junto ao abismo,
Onde súbito o azul
Estranhamente emudece,
O brando zumbido dos zangões.
Ó flor verde
Ó silêncio.
Como em sonho estremecem da torrente selvagem
Escuros espíritos o coração,
Trevas,
Que sobre as gargantas irrompem!
Brancas vozes
Errantes pelos átrios lúgubres,
Terraços destroçados,
Dos pais poderoso rancor, o lamento
Das mães,
Do menino o áureo grito de guerra
E o não-nascido
Gemendo de olhos cegos.
Ó dor, flamejante visão
Da grande alma!
Já estremece na negra confusão
De corcéis e carruagens
Um raio róseo pavoroso
No pinheiro ressoante.
Frescor magnético
Envolve esta cabeça orgulhosa,
Incandescente melancolia
De um deus irado.
Medo, tu ó serpente venenosa,
Negra, morra nas pedras!
Precipitam-se das lágrimas
As correntezas bravias,
Tempestade-misericórdia,
Ecoam em trovões ameaçadores
Os nevados cumes em volta.
Fogo
Purifica noite destroçada.
Tradução de Modesto Carone Netto
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2 comentários:
Olá, Marcílio
Muito bom encontrar essa variedade, essa riqueza de textos postados aqui.
Um beijo.
É uma grande alegria encontrar Georg Trakl aqui. Você está acostumnado a servir-nos o melhor. Faz tempo que leio e releio Trakl - o que falta descobrir, que detalhem, que liame não percebi, não me tocou? Que posso tomar a mais, para me enriquecer?
Parabéns pelo trabalho, Marcílio.
Um grande abraço,
Brandão.
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