Um caderno de leituras

"esguias Graças, Musas de mais magas tranças,
vinde, vinde agora"

Safo

terça-feira, 14 de abril de 2009

RAINER MARIA RILKE


DOS SONETOS DO ORFEU

Músculo de flor, que abres a anêmona
quando os prados a manhã abrasa,
até que em seu seio a polifônica
luz dos céus sonoros extravasa;

na silenciosa flor-estrela,
da eterna acolhida o tenso músculo
tão cansado às vezes de movê-la
que, à voz de descanso do crepúsculo,

custas a recolher um por um dos
pétalos arriados para trás:
tu, força e intenção de tantos mundos!

Nós, brutos, vivemos muito mais...
E quando estaremos, em que vida
– abertos, enfim, para a acolhida?

Tradução de Geir Campos

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