reprodução
César Moro
A ÁGUA LENTA O CAMINHO LENTO
A água lenta o caminho lento os acidentes lentos
Uma queda suspensa no ar o vento lento
O passo lento do tempo lento
A noite não termina e o amor se faz lentamente
As pernas se cruzam e se juntam lentas para deitar raízes
a cabeça cai os braços se levantam
O céu da cama a sombra cai lenta
teu corpo moreno como uma catarata cai lento
No abismo
Giramos lentamente pelo ar quente do quarto cálido
As borboletas noturnas parecem grandes carneiros
Agora seria fácil destroçarmo-nos lentamente
tua cabeça gira tuas pernas me envolvem
tuas axilas brilham na noite com todos teus pêlos
tuas pernas nuas
No ângulo preciso
O cheiro de tuas pernas
A lentidão da percepção
O álcool lentamente me deixa alto
O álcool que brota de teus olhos e que mais tarde
Fará crescer tua sombra
Alisando o cabelo lentamente subo
Até teus lábios de fera
Tradução de Claudio Daniel
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