Foto: Félix Nadar. Fonte: Wikipedia. Licença Creative Commoms.
Charles Baudelaire
O Albatroz
Às vezes, por prazer, os homens de equipagem
Pegam um albatoz, enorme ave marinha,
Que segue, companheiro indolente de viagem,
O navio que sobre os abismos caminha.
Mal o põem no convés por sobre as pranchas rasas,
Esse senhor do azul, sem jeito e envergonhado,
Deixa doridamente as grandes e alvas asas
Como remos cair e arrastar-se a seu lado.
Que sem graça é o viajor alado sem seu nimbo!
Ave tão bela, como está cômica e feia!
Um o irrita chegando ao seu bico em cachimbo,
Outro põe-se a imitar o enfermo que coxeia!
O poeta é semelhante ao príncipe da altura
Que busca a tempestade e ri da flecha no ar;
Exilado no chão, em meio à corja impura,
A asa de gigante impedem-no de andar.
Tradução de Guilherme de Almeida
2 comentários:
Aqui, Baudelaire, Mallarmé (dois "monstros sagrados" da poesia francesa); no Vida Literária, Zila Mamede, Pedro Kilkerry (dois grandes nomes da poesia brasileira): você continua me surpreendendo, positivamente. Abraços.
Moacy,
São todos escritores magníficos.
Fizeram parte da minha formação, daí um carinho especial.
Fico contente que esse roteiro pessoal de publicações tem sido trilhado com algum acerto.
Obrigado.
Abs,
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